Este é o terceiro post sobre a minha viagem para a Finlândia. Veja também a parte 1 e a parte 2.
22/09/2012, SÁBADO:
Apesar de o evento ter acabado na sexta-feira, no sábado aconteceram algumas reuniões internas da fundação que organizou o encontro e como o meu amigo trabalha nesta fundação e foi para as reuniões, eu fui no local do evento uma última vez para encontrá-lo.
Depois do almoço o pessoal todo se despediu e eu e meu amigo começamos a pensar no que a gente poderia fazer neste final de sábado e início de domingo que tínhamos juntos na Finlândia.
A ideia inicial (antes de chegarmos na Finlândia) era tentar ir para São Petersburgo (Rússia), de trem ou de barco, para se encontrar com uma prima desse meu amigo e voltar na segunda-feira. Antes de comprar minhas passagens para a Finlândia eu ainda não tinha certeza se poderia perder mais um dia de aula e por isso hesitei um pouco. No final eu decidi perder a aula da segunda, mas durante o evento percebi que acabei comprando a passagem de volta no dia errado. Apesar de ter decidido perder a aula da segunda-feira, comprei a passagem de volta para domingo -.-. Como remarcar tão em cima da hora ia acabar saindo muito caro, só me restou o sábado e a manhã do domingo livre.
OK, não daria tempo de ir para São Petersburgo, mas por que não ir de barco para Tallinn, capital da Estônia? Olhando no mapa, dá para ver que fica bem ali do outro lado! Apesar de demorar algumas horas, a gente ainda teria a noite do sábado para conhecer a cidade e um pouquinho da manhã do dia seguinte. Após uns 5 minutos decidimos ir direto para o porto de passageiros, apenas com as roupas do corpo.
O tram até o porto estava cheio de pessoas, todo mundo com mala. Ah, foi engraçado que no caminho fomos falando dos atributos físicos das mulheres da Suécia e de outros países europeus e após muitas comparações com tamanho de busto e de bunda, uma moça do nosso lado vira e pergunta: “ah, vocês falam português?”. Ela teve aulas de português e provavelmente escutou toda a conversa. Vergonhoso
Chegando no porto a gente descobre que apesar de ter passagem para barcos saindo nas próximas horas, não tinha mais bilhetes para a volta no domingo de manhã. Nossos planos de viajar de barco foram por água abaixo. Aproveitando o nosso espírito aventureiro, resolvemos ir para a estação de trem de Helsinque pegar o trem para a primeira cidade aleatória (e próxima) que a gente encontrasse.
Dito e feito. Em menos de uma hora estávamos com o nosso ticket comprado para Lahti.
Já no trem a gente começa a pesquisar mais informações sobre a cidade lendo uns guias turísticos e de cara encontramos algo dizendo que a cidade era famosa por ser industrial, chata e não ter nada para fazer, mas que as coisas melhoraram um pouco.
Mal chegamos lá e já começou a escurecer. A cidade é bem pequena (cem mil habitantes) e o centro já estava começando a ficar deserto. Fizemos um reconhecimento da área e cometemos o grande erro da noite: fomos atrás primeiro de um restaurante, ao invés de um lugar para dormir. Ah, é bom lembrar que o meu celular quebrou e o meu amigo perdeu o dele durante a semana. Fomos “turistar” à moda antiga, com um mapa de papel na mão.
Após muita dúvida, acabamos indo em um restaurante latino (mexicano?). Coitado do meu amigo que me deixou escolher o prato. Durante a semana ele comentou várias vezes comigo sobre se alimentar bem, sobre os deliciosos pratos vegetarianos que a namorada dele estava fazendo e quando o prato que eu escolhi finalmente chegou, era só carne! Bacon, costelas, filé… todos os tipos de carne, mas SÓ carne. Até eu, que gosto bastante de carne, achei que tinha carne de mais naquele prato.
Na estação de trem em Helsinque, com o laptop e wifi, encontramos o endereço de 3 ou 4 albergues e os anotamos em um papel. Quando saímos do restaurante já era pouco mais de 22h e fomos direto para o albergue mais próximo de nós, mas o mesmo havia fechado uns há uns 20 minutos. Pensamos: “como esse albergue fecha cedo” e fomos andando para o próximo, que também estava fechado. O terceiro endereço na lista nós levou a um terreno abandonado e finalmente chegamos no último albergue. Também fechado!
Ótimo. Lá estávamos nós, sem ter onde dormir. Nossa primeira tentativa foi nos bancos de uma praça perto do centro da cidade. Apesar do sofá da foto acima estar bem convidativo, ele estava em um lugar bem esquisito. Após 1 ou 2 horas no banco da praça (e uns bêbados que acordaram a gente), começou a ficar beeeem frio e a gente não conseguiu continuar dormindo. Nós levantamos e fomos dar uma volta para tentar esquentar.
Após uma curta andada, surgiu a ideia de voltar para a estação de trem. Não sei por quanto tempo conseguimos dormir lá, mas a estação fechava durante a madrugada e tivemos que sair. Para nos proteger do vento frio continuamos as tentativas de dormir em um banco de uma parada de ônibus e nos bancos das plataformas do trem. Neste ponto a gente já havia percebido que talvez tivesse sido melhor alugar um carro. Compramos as passagens de trem meio que no impulso, mas um carro teria dado mais liberdade para irmos a outros lugares e até um lugar melhor para dormir :).
Assim que a estação abriu novamente (deve ter fechado durante umas 4 horas) voltamos para o conforto do aquecedor de lá e dormimos mais um pouco. Nem lembro mais a hora que acordamos, mas não demorou muito para pegarmos o trem de volta.
Ah, em algum momento a gente queria muito ir ao banheiro (que precisava pagar uns € 0,50 para abrir a porta) e como não tínhamos trocado, resolvemos pegar uma moeda de € 2 e ir na máquina de caça-níquel tentar a sorte. Quando eu já estava quase perdendo o dinheiro todo, “consegui” uma combinação boa e ganhei os € 2 de volta. Na hora de “resgatar” o dinheiro da máquina, a maldita nos deu uma ficha que até hoje a gente não sabemos como usar (talvez só dê para usar em outras máquinas?).
Acabou que só conhecemos mesmo o centro da cidade, mas aparentemente tinha umas coisas bem legais mais ao norte (acho que uns parques e um lago). Acho que valeu a aventura de ter dormido no meio da rua. Estar acompanhado tornou a experiência menos mal e só acho que o frio poderia ter sido menor, pois estávamos despreparados :P.
23/09/2012, DOMINGO:
Chegando em Helsinque voltei para a casa onde estava hospedado, arrumei as malas, tomei um banho, dei uma cochilada e fui ao aeroporto. Cheguei bem adiantado lá e ainda consegui trabalhar um pouco nos projetos da universidade. Perdi uma semana de aula, então havia bastante para ser feito. O voo foi tranquilo e eu cheguei em Amsterdã bem.
Como já era tarde (umas 22h?), o último trem que faz Amsterdã-Eindhoven direto havia acabado de passar e eu tive que pegar 2 trens. Para a minha surpresa eu encontro um amigo meu de João Pessoa (e outros intercambistas do Ciência sem Fronteiras) entrando no mesmo vagão que eu me encontrava! Ele havia passado o final de semana em Amsterdã e estava voltando para casa, na mesma hora, no mesmo trem e no mesmo vagão que eu. Quanta coincidência!
Chegando em Eindhoven, o cansaço estava grande e eu resolvi andar pela primeira vez de ônibus, indo direto para casa.