Este sábado (4 de abril) fui em uma cidade aqui perto, junto com algumas pessoas do Rotaract daqui da cidade, ajudar um clube do Rotary a plantar umas árvores.
Eis que minha primeira irmã anfitriã faz parte de um clube do Rotaract. Segundo o site oficial:
O Rotaract é um programa do Rotary que consiste em clubes dedicados à prestação de serviços integrados por jovens entre 18 e 30 anos da comunidade em geral ou de uma universidade.
O Rotaract é um dos programas mais bem-sucedidos do Rotary, um verdadeiro fenômeno com mais de 8.000 clubes em 155 países e regiões geográficas.
Sempre que possível eu vou para as reuniões com ela, que são semanais. Além de ser uma ótima oportunidade de passar a noite toda escutando pessoas falando em alemão, eu tenho uma certa admiração pelo Rotary e seus programas.
9:10. O ponto de encontro combinado foi um posto de gasolina aqui em Bad Hersfeld. Minha host mother nos levou (eu e minha host sister) até lá, onde um outro membro do Rotaract já estava nos esperando. Após alguns poucos minutos, mais um Rotaractiano chegou, e partimos para uma cidade próxima.
Boa parte da viagem foi feita em rodovias onde não existe limite de velocidade. Em alguns pontos atingimos a incrível marca de 200 Km/h, sendo que na faixa do nosso lado esquerdo os carros estavam ainda mais rápidos.
Com a ajuda de um GPS, não foi muito difícil chegar lá. Alguns Rotarianos nos aguardavam em frente à uma igreja, de onde seguimos por caminhos duvidosos e confusos para um campo, em uma região um pouco mais elevada.
Após curtas instruções, a ação propriamente dita começou.
Nos dividimos em grupos de 2. Como os buracos já estavam feitos, a primeira etapa foi pegar a árvore-bebê (sei lá qual o nome :P) e colocar nos buracos. Em seguida precisavamos pegar umas 3 toras de madeira e colocar em volta da árvore, em forma de triângulo.
Note que o campo era bem grande, logo, os buracos eram relativamente longe um dos outros, e mais longe ainda da área onde as árvores-bebês e as “toras” estavam. Além da distância, a vegetação também era um empecilho, pois ela era alta em alguns pontos, e com espinhos em outros. Pior eram aqueles pontos onde elas eram altas E espinhosas.
Enquanto alguns grupos iam transportando as “toras” para os buracos, outros grupos iam fazendo outras atividades, semelhante à uma colônia de formigas, onde cada uma tem sua tarefa predefinida.
O tronco das árvores-bebês eram amarradas nestas toras, evitando que elas se quebrassem quando tivesse um vento muito forte. Estranho que aquelas toras eram feitas de madeira, logo outra(s) árvore(s) tiveram que ser “destruidas” para que a gente pudesse plantar uma nova árvore. Irônico, não?
Quando um grupo era encarregado de uma tarefa muito cansativa, havia um revezamento. E uma dessas tarefas era fazer com que as toras de madeiras fossem “cravadas” no solo. Para isso, utilizamos um instrumento bem peculiar.
Basta ficar batendo com essa “coisa” aí, de cima para baixo. Acontece que isso é extremamente pesado e por isso requer muito esforço.
Enfim… Tudo estava indo relativamente bem, até que eu me afastei um pouco para tirar umas fotos e descobri que as árvores recém plantadas estavam em forma de “cruz”! Me afastei um pouco mais para confirmar, e realmente era uma cruz perfeita.
De repente algumas coisas começaram a fazer um certo sentido. O motivo dos buracos já estarem prontos, o ponto de encontro com o Rotary (em frente à igreja), etc.
Eu, como ateu, não muito fã de algumas religiões, e plantar árvores formando o principal símbolo da religião cristã não foi uma coisa que me agradou muito. Ainda mais porque eu não sabia que estava fazendo isso. De certa forma me senti usado.
Estranho… De onde foi que tirei tanto desgosto pelo cristianismo? Fiquei pensando um pouco e cheguei a conclusão que se eu soubesse da forma com que as árvores seriam dispostas antes, provavelmente não teria ido.
Pelo menos fica aí a importantíssima lição: da próxima vez que alguém lhe chamar para plantar árvores, certifique-se de perguntar qual o critério levado para posicionar os buracos, evitando que coisas assim também aconteçam com você.
Todas as fotos (clique para ampliar). Também disponíveis aqui:
FERNANDO, fico triste , mas respeito a tua posiçao em relaçao a religião.Mas uma árvore plantada, será sempre uma árvore plantada, independente do motivo, o importante é o que ela pode oferecer.Nunca esqueça isso.
Oi Fernando,
adorei o teu blog!
Nós fazemos parte do Rotary Club aqui em Calgary e faziamos parte também no Brasil, fiquei contente de saber sobre o seu apreço com relação ao Rotary .
Eu aceito as suas convicções religiosas ou não, mas acho que você não foi usado, você estava lá por um motivo, que era plantar árvores. Parabéns apesar das dificuldades você cumpriu seus objetivos, o objetivo dos rotarianos provavelmente era auxiliar essa igreja nessa empreita. Os seus objetivos foram nobres.
Abraços, Eliane.
Obrigado!
É, realmente exagerei muito nesta coisa de “desgosto com religião”, ahahahah.
Foi só para causar polêmica mesmo.
Que legal, Rotary Clube de Calgary
Desculpa a pergunta, mas como você achou o meu blog?
A questão é que tenho planos (não muito concretos ainda) de cursar estatística aí na UofC e depois tentar entrar no CPS (Calgary Police Service). Pelo que notei no site de ambas instituições, eles parecem estar sempre de braços abertos para estrangeiros.
Quem sabe a gente não se vê por aí.
Abraços!